Pai
A última vez que viu seu pai foi quando viajou duzentos quilômetros e chegou numa cidadezinha chamada Pacambi. Era domingo e o negócio estava mais parado do que o costume. Seu pai se equilibrava na parede do barzinho e o retorno para onde quer que morasse ou apenas dormisse não seria fácil. Aos poucos ele avançava, cambaleante, e já dobrava a primeira esquina. Chegou ao portãozinho, abriu a porta da casa de madeira e sumiu.
A penúltima vez que viu seu pai já fazia cinco anos. Ele deixou a casa porque a bebida o vencera. Despediu-se na saída, e irmãos, irmãs e a companheira o viram abrir a porta, caminhar até a primeira esquina e sumir da vida de todos. Dali para frente tudo mudou em casa, e felicidade tardou muito a reaparecer.
A primeira vez que viram seu pai ele estava abraçado com a companheira, sorria, enquanto os pequenos se divertiam numa piscina de plástico no quintal de casa. O casal brindavam a felicidade, a alegria, e a um futuro cheio de paz, vida e amor.
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