Jogo de Damas
Era à tarde e era outono. Eu e o Toninho resolvemos jogar damas. Pedimos a instrutora o tabuleiro. Sorrindo, olhos verdes-inesquecíveis, disse-nos que faltavam as peças. Fomos ao zelador saber se ele tinha tampinhas de cerveja. Não. Mas tenho um cabo de vassoura. Serrote. No primeiro dia ele serrou os toquinhos dando formas arredondadas. No segundo ele comprou a tinta azul e pintou as primeiras doze peças. No terceiro dia ele pincelou as vermelhas. Secas, no quarto dia, sentamos no banco de cimento e arrumamos com ansiedade as peças. Enquanto discutíamos quem iniciaria o jogo, as tipuanas libertavam suas folhas no saibro da pracinha.