sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Espaço

 Espaço

 

Tudo que fiz para você, não me arrependo de nada. Voltava, mesmo sabendo do erro que foi nosso encontro, e faria de novo. E voltaria mil vezes, só para te ver, como dá primeira vez. Você me deixou no espaço e levou a música. Estou só, e o que vejo são borrões de lembranças. Você não vai voltar, disso eu tenho certeza. O que sobrou de nós senão os vidros quebrados na calçada? Não há reconciliação, resta uma desculpa barata, um pão com manteiga, café requentado em tarde úmida.

Tudo que fizemos por nós foi um transcorrer de tempo. Você bateu a porta e não pediu nenhuma recordação para levar ao teu mundo novo. Me deixou com um monte de inutilidades que enfeiam a casa e só me fazem sofrer. Aqui no espaço, apesar da dimensão, essas coisas vagam sem sentido como uma febre terçã.

Tudo que passamos nos levou à encruzilhada. Fiquei parado e você sumiu na estrada. Olhei tantas vezes para você, pensando que ias olhar para trás, acenar, voltar, e isso não foi possível porque não havia mais nenhuma esperança entre nós. Aqui no espaço faz frio, é vazio, escuro, sem som. Se me restasse alguma força, soltava um grito ao eco do infinito dizendo que ainda te amo, aflito.


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