segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Minha Pracinha Florida



Minha Pracinha Florida







O portão da Praça Florida puxa-me ao passado e presenteia um reencontro com o menino que fui na infância. Deixa-me dizer:
Se bem me lembro ele era verde naquela época, ou marrom? Isso pouco importa. Eu era um macaquinho muito hábil que com um pé subia no primeiro lance, (nisso já tinha jogado a bola dente de leite pro outro lado), depois dava uma cambalhota com as pernas encolhidas para não pegar na parte de cima da grade, e dublê de trapezista ou ginasta, encostava os pés no chão e corria para o concreto da cancha da praça. Eu era um perito, um peralta, um menino muito feliz, sonhador, que vivia num mundo lúdico, colorido e sem violência. Eu não tinha fome de justiça nem sede de vingança. Os outros, pensava, eram tão felizes quanto eu, ou deveriam ser.
Controlava o miudar das joaninhas e o cair suave das flores amarelas. Jogava para o ar a semente de uma árvore e a via descer como as hélices de um helicóptero. Abria a semente “orelha de macaco” e me decepcionava com o nada que encontrava dentro. Meu elo com a natureza era investigativo, infinito e nada conclusivo.
Não perdi nada daquilo, apenas esqueço constantemente as voltas que o vento faz quando encontra uma árvore forte e florida.
Hoje reencontro o que um dia fui e orgulho-me pelos troféus que tenho dentro de mim.
Ah, por que o portão da praça estava fechado? Boa pergunta, sabia que tu não ias esquecer.
Porque a chave ficava com um adulto que demorava numas contas que nunca se acertavam.

***


Fotografia: Praça Florida, Praça Bartolomeu de Gusmão, Porto Alegre – RS, bairro Floresta





segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MEU PAI NÃO QUER MORRER

MEU PAI NÃO QUER MORRER




Meu pai disse pra mamãe que quando a Sapeca morrer ele vai sentir muito.

Ele vive xingando a cadela:

- Sapeca, não faz cocô aí!

- Sapeca, para de latir, para de coçar, para! Fica parada!

Ele falou, depois de dois copos de vinho, que a Sapeca era a única que o entendi naquela casa. De fato, quando ele fala, a cadela levanta as orelhas, presta uma atenção de dar invejar. No meu caso, ciúme puro.

Lembro do dia em que a Vovó morreu. Ele não deixou a gente ir ao velório ver as velas nem as vozes veladas, ficamos em casa, o dia se arrastou porque nem na aula fomos. Quando, à noite, meus pais voltaram do enterro (um buraco, um caixão, terra em cima), vimos que naquele dia não teríamos brincadeira, nem piada, nem jantaríamos juntos. E a parte da janta sempre é a mais importante lá em casa. Quando a gente senta, todos à mesa pequena, as conversas são diversas e divertidas, rimos e eles nos xingam porque deixamos cair comida no chão, porque a comida está esparramada no prato, porque bebemos o suco antes da comida, e logo depois, estamos dando gargalhadas porque alguém, sem querer, largou uma bufinha, coisa pouca e muito engraçada. Minha tia Marília tem esse probleminha mas ela não acha graça, já consultou mais de uma dezena de especialistas, não tem jeito, tia Marília larga bufinhas a toda hora e não se sente feliz ou engraçada.

A gente olha pra Sapeca e vê que ela está velhinha mesmo. Será que os cachorros também vão pro céu? Papai disse que não acredita em céu, mas eu olho pra cima e enxergo o céu, só não sei como as pessoas se equilibram por lá porque não tem chão, né? Mas que tem céu, tem.

Essa cadela é mais velha do que eu. Quando eu cheguei ao mundo ela já estava na casa, ganhando lugar no pátio, latindo aqui e acolá, correndo um carteiro só pra não perder a forma. Olhando pra ela a gente tem um pouco de pena mesmo, parece bem gorda - mamãe diz inchada, o que nada tem a ver com enxada, enxame, enxaimel, as palavras são como linguiças, uma puxa a outra -, os olhos estão esbranquiçados, não late faz muito tempo e dentes confesso que não sei se tem, vou averiguar.

A Sapeca está meio parecida com a Vovó até onde me lembro. Sei que meu pai vai sentir muito porque esse negócio de despedida é complicado. Quando a minha tia Alva se separou do tio Vildo, a despedida foi complicada, vira e mexe eles vão num tal de Fórum pra acertar as contas do passado. Isso dá uma dor de cabeça na família toda, e olha que nenhum dos dois morreu.

Fico pensando que o melhor é aproveitar o momento, nem pensar que as coisas se acabam. Ouvi em algum lugar que não há morte, que as coisas viram encantadas, prefiro assim e vou aproveitando o quanto posso.

- Sapeca!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Meu Pai é Apreciador de Batatas Fritas

Meu Pai é Apreciador de Batatas Fritas



E te conto, ainda, que o meu pai disse:
- Batata frita, todo dia, faz mal à saúde!
Dia desse li isso no cigarro que ele fuma. Fumar faz mal à saúde.
Pra mim não tem prato melhor do que batatas fritas.
E o meu pai repete todos os dias:
- Refrigerante é puro açúcar!
Não consigo entender como ele consegue dizer todos os dias a mesma coisa, só que a gente está sempre comendo batatas fritas e tomando refrigerantes, enquanto ele bebe cerveja alegando que tem efeito relaxante. Será que relaxante tem a ver com relaxado? Dia desse meu tio Antônio perguntou como estava meu pai, respondi:
- Final de semana ficou relaxado o tempo inteiro.
E papai ainda fala:
- Essas inhonhas vêm dos americanos safados, dominadores. Inventaram essas porcarias e a gente, subdesenvolvido, vai metendo goela abaixo sem dar um piu.
Quis perguntar pra ele o que era subdesenvolvido mas confesso que fiquei com receoso, ele estava com a boca cheia de batatas e poderia se zangar.
Um dia minha mana ficou bem doente, estava com febre, olhos cansados, não comia nem bebia nada. Mamãe e papai a levaram ao médico e disseram que era uma virose (virose?) das brabas. Na hora do jantar, eles insistiam com ela:
- Come uma batatinha, filha. Toma um guaranazinho, neném. Tu vai ficar forte, fortona.
Não dá pra entender tudo o que meu pai pensa, porque ele fala uma coisa e faz outra. Melhor assim, eu adoro batatas e refrigerantes, e adoro ir à lanchonete comer cheese burger, pouca maionese, de calabresa, bacon e com ovo. E às vezes peço com batatas fritas em volta do pão. Ah, uma delícia! E pra beber, uma cola bem geladinha.
Dias desses vi que o tal dólar ia subir e que pra economia do País isso não é bom. Meu pai sempre reza lá em casa:
- Vamos ser econômicos. Agora veio com a história de dar meia descarga para economizar água. Ele diz que o preço da água ta pela hora da morte. Eu sei que isso é no sentido figurado, minha professora de língua portuguesa ensinou. A água não pode estar morrendo, pode?
Esse tal de dólar subindo não me cheira bem. Acho que as batatas fritas e os refrigerantes vão desaparecer da nossa mesa e o feijão com arroz vai entrar com tudo na ordem do dia. Não vai ser fácil. Olho para o céu e espero que o tal do dólar desça de uma vez.





quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Um Canetaço





Um Canetaço

Meu pai é super estranho.
Todo mundo falou que o Jatobazinho jogou demais. Meus colegas na escola só falavam na grande partida do jogador de futebol. Até a professora, que não era muito destes assuntos, disse que o cara jogou um bolão. Disse assim mesmo:
- O cara jogou um bolão!
A gente podia rebater a professora dizendo que quem tem cara é cavalo, boi, bezerro. Mas na escola somos educados, quase todos, menos uns, menos outros.
E meu pai lá, sem se entusiasmar muito com a partida excepcional do atleta.
- Pai, foram três gols. Três golaços!
-Também achei, só acho que se faz muito estardalhaço na imprensa e endeusam o rapaz, e aí a gente esquece do resto.
- Que resto, pai?
Não me disse, mas vi papai falando pra mamãe:
- Um técnico do governo dá um canetaço numa licitação que garante a merenda mais barata pras escolas, beneficia milhares de crianças e não sai uma mísera notinha na imprensa.
Não entendi nada e continuo achando papai muito estranho. Acho que ele tem tido pouco para fazer. É bom quando está no trabalho, porque em casa é um general. Mesmo assim, sempre o escuto dizer pra mamãe que se considera um inútil na repartição. Um zero.
Jatobazinho jogou um bolão, papai não acha e mamãe nem opina, fica cortando couve bem fininha. Será que ela o compreende melhor? Certamente, certamente.
Vou pedir vinte pilas pro papai, tenho que comprar uma camiseta nova, não vou mais aborrecê-lo com o jogador. Mas que ele jogou muito, ah, isso jogou.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A CARECA DO MEU PAI

A careca do meu pai



Meu pai tem um medo danado de chuva.
Ele disfarça, conta uma piadinha pela metade, e logo ali vai fugindo, procurando uma marquise, uma árvore, algum abrigo.
Eu o conheço bem, muito bem.
É que ele não tem cabelo. A chuva pega gelada no cocão e faz ligação direta com a alma. Direto. Meu pai não é espírita mas acredita numas coisas nada palpáveis.
Se alguém o chama de careca, faz careta, cerra e encerra a brincadeira de mau gosto. Ele prefere que digam que ele não tem cabelo, o que não é necessariamente a mesma coisa.
Um dia, no trânsito, o cara gritou:
- Ô careca F.D.P!
Bah, ele ficou fulo. Olhou pro lado e respondeu:
- Só se eu fosse a tua mãe!
Meu pai é violento de vez em quando. A gente tenta mas não entende estas atitudes. Ele nos ensina a ser da paz, ter calma nos momentos de conflito e aflição. E ainda diz:
- Façam o que eu falo e não façam o que eu faço.
Engraçado.
E agora meu pai está atravessando a avenida, olha pro céu e percebe os primeiros pingos. Aí, pingos direto na carequinha. Vai correr, isso vai. Mas disfarça, vê se tem mais alguém por perto preocupado com os parcos pingos. Ninguém.
Sinal fechado, faixa de segurança, corre o meu papai segurando as moedas no bolso. Vai direto refugiar-se na parada de ônibus.
Enquanto a chuva não passa, vai criando coragem pra encarar a vida.


terça-feira, 28 de junho de 2011

Inverno: A Escolinha - Bonifácio



Inverno: A Escolinha - Bonifácio

E eles chegavam.
Bonifácio acordava às cinco horas da manhã quando os galos davam os primeiro acordes do novo dia. A tina cobreada, com água a espera, naqueles invernos pampeanos, gelava até os olhos de quem a via. A época o menino não era valente, (e nunca o seria!), e com a ponta do dedo molhava levemente o indicador e lutava contra a remela da noite inocentemente dormida. O leite já estava quentinho no fogão a lenha, assim como os pinhões feitos na chapa. Mamãezinha querida! Coisa de dez minutos, Bonifácio dava o beijo sonolento na mamãe e saía campo a fora, deixando o pequeno sítio para trás.

O fotógrafo bateria o instantâneo onde veríamos uma estradinha de saibro que se sumia na distância e morria lá depois de onde não se via mais nada além do céu escarlate, se houvesse. E com passos miúdos mas firmes, o piá caminharia quilômetros até a escolinha municipal de ensino incompleto Meu Amiguinho. E por entre os bretezinhos apareceriam outros Bonifácios meninos e meninas que na mesma estrada marchariam. Rumariam num sonho em busca das senhoras das matemáticas, dos senhores das letras, das histórias, geografias, e de todas os demais estudos e invenções desta vida estradeira e saibrosa.
E acreditariam cegamente naquilo que os mestres regessem.
E assim eles chegavam.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Abacateiro – Bonifácio



Todo mês de outubro a matriarca comprava uma vassoura nova que geralmente era de palha e com o cabo azul. Deixava o utensílio perto da porta dos fundos que dava passagem para o pequeno quintal que havia na casa. Os habitantes da casa sabiam para que servia a vassoura, mas ficavam apreensivos com a atitude temporal de mamãe. Ninguém piava, mas aquilo era preocupante.

Existia um lindo abacateiro no quintal. A Mamãe esperava as primeiras flores da árvore, e com a ajuda da vassoura batia em todas os futuros frutos para que não desse um único abacate. Não sobrava flor alguma. Uma tristeza.

Um dia, Bonifácio, valente, aventurou-se:
- Por que a senhora não corta o abacateiro, mamãe?

- Cala a boca, disse muito zangada. Não posso cortá-lo, a presença do teu avô está ali.

- Mas por que a senhora não deixa os frutos crescerem, então?

- Cala a boca, repetiu. O teu avô só deixou histórias mal contadas pra gente. Cala a boca.

Estranhamente, naquele ano, mamãe deixou as flores crescerem e os frutos verdes vieram. Com exceção dela, comeram os demais com muito gosto, a base de limão e açúcar, esmagado no garfo. Dá vassoura nova não sobrou pedaço. Ela a quebrou em mil pedaços e depois a queimou no mesmo quintal, perto do abacateiro. Vovô fora perdoado, Bonifácio não saberia do quê nem por que.

A Mamãe era imprevisível. Meses depois plantou uma mangueira, e a vida seguiu como se nada daquilo fizesse sentido. Mas fazia para mamãe, só para mamãe.


segunda-feira, 28 de março de 2011

Os Anjos da São Carlos – Bonifácio

Os Anjos da São Carlos – Bonifácio

No frontispício da velha casa, como guardiões de um tempo presente, dois anjos decoravam a fachada azul. Ali, devido ao combate implacável contra o tempo, os querubins se deterioravam a vistas grossas dos transeuntes.

Um dia, Maria, a irmã mais velha, achou que era tempo duma reforma na frente da casa. Chamou um pedreiro passante que decepou os dois bustos num único golpe de picão. Milagrosamente, os anjos decaídos não sofreram nenhuma avaria significativa ao sentirem a dureza da laje grês quando bateram no chão.

- Qualquer ventinho poderia derrubar-lhes, justificou ela.

Bonifácio, menininho, perguntou:

- Mas os anjos não voam, mana?

- Voam, mas estes estavam cansados de tanto cuidar da gente.

Depois da reforma nunca mais se falou dos anjos nem nos anjos. Certamente foram levados da calçada pelos coletores de lixo e jogados nalgum parque da cidade para divertir as crianças. As crianças são as únicas que se divertem com os anjos, o resto da humanidade imagina.


crédito da imagem: foto de Míriam da Rocha Fernandes






quarta-feira, 2 de março de 2011

Moacyr Scliar – Bonifácio

Moacyr Scliar – Bonifácio

Sentei no auditório lotado e esperei com impaciência o escritor. Sujeito magro e sem graça, cabelo pintado e barbicha aparada, traje simples. Não tinha pinta de gente importante. Melhor: não tinha pose. Pensei em dar crédito, dar-lhe uma chance, afinal já eram quase cinqüenta livro publicados. Importante dizer que eu era jovem, um adolescente.

- Então, escrever é um trabalho como qualquer outro. É dedicar-se. É suar e fazer os miolos funcionarem, brigar com as palavras e fazer as pazes com elas. Se há dom? Certamente, todos temos inclinações para fazer as coisas. Eu escrevo. E minhas futuras histórias estão aí, soltas. Tenho a rede e as pego no ar. Levo com carinho para a escrivaninha do meu escritório e lá me debruço num trabalho de quebra-cabeça com as idéias, palavras, frases, personagens, histórias, sentimentos, ingredientes que posso misturá-los, como um bolo. Escrever é o meu trabalho. Ofereço um pedaço do meu bolo aos leitores. Se gostarem, isso me alegra profundamente, e me habilita a oferecer o resto dele. Ah, também sou médico sanitarista. Trabalhei muito tempo na Santa Casa de Misericórdia. Também jogo basquete, mas isso não vem ao caso.

A voz era de uma doçura impressionante. Eu fiquei desconfiado como só os jovens podem desconfiar das coisas mais doces que a vida pode nos oferecer. Julguei que se tratava ou de um grande escritor ou um grande vendedor de sabonetes. A minha juventude intrometia-se num julgamento mais doce.

Um colega ao lado me segredou:

- É Judeu!

Como eu não sabia se ser judeu era bom ou ruim, dei de ombros. Já tinha ouvido noutros tempos:

- É italiano, não vê! É russo o coitado. Só podia ser japonês... Argentino, o cara é.

E por aí, adiante.

No final do encontro, com “O Ciclo das Águas” nas mãos, fui buscar um autógrafo, um prêmio por minha participação. Eu estava magnetizado. Perguntou meu nome, deu um sorriso generoso e escreve:

“Ao Bonifácio: à sua altura e inteligência”.

Agradeci. Saí da sala com o livro no braço, pensando:

- Êta Judeuzinho inteligente.

crédito da foto: Deodoro Branchi, em SC


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

As Árvores do Papai - Bonifácio

As Árvores do Papai - Bonifácio

Quando meu pai começou a plantar árvores naquele terreno, todo mundo sabia que em breve não teríamos espaço para mais nada.

Um dia eu disse:

- Padrinho, assim não dá. É muita árvore.

Mas meu pai não dava bola. Se bem me lembro, dava de ombros e sorria.

Hoje estou a contemplar estas árvores todas, crescidas, enormes, a lutarem por espaço. É certo que temos pássaros de todos as espécies que, a seus modos, se beneficiam dos frutos, das folhas, das sombras, dos poleiros, do sossego que só a eles compete apreciar.

Se papai estivesse aqui, eu diria:

- Padrinho, foram muita árvores.

Certamente não me responderia nada, assim como o fizera em quase todos os nosso momentos próximos.

Um dia quase botei fogo na nossa casa de madeira com um toco de vela. Quando ele chegou à noite, depois de ter batidos dormentes na gare, olhou-me nos olhos e só maneou a cabeça levemente. Eu esperava uma bela chinelada. Eu queria uma chinelada, um palavra ríspida, um fechar de cara nem que fosse por um dia. Eu precisava do meu pai para mim.

Colocamos uma placa de vende-se na casa. É hora de partir porque as lembranças pesam de uma forma que eu não previra. Fico pensando nos futuros inquilinos. Cortar as árvores será uma das suas primeiras medidas. O sol há de voltar a brilhar no pátio de saibro.

Ao meu lado, meu filho mais velho comenta:

- Padrinho, vou sentir saudades desta casa e das árvores.

Respondo:

- Eu também.



crédito: míriam da rocha fernandes







Ela Saiu

Ela saiu do apartamento numa terça-feira à tarde. Pensei,  já vai aproveitar a quarta e dar um rolé com as amiguinhas. Me deixou como se dei...