terça-feira, 17 de agosto de 2010

Bonifácio – O Cunhado

Bonifácio – O Cunhado


Bonifácio cruzou os braços e esperou a explicação que parecia embaraçosa, mas não era.


- Eu tento, dizia ele, tento de tudo quanto é forma. Só que o meu conhecimento é maior, logo fico sabendo demais e por isso me desemprego com facilidade.
- E concurso público? Como é?
- Não, isso é pra gente mesquinha, medíocre. Livros parados na estante, traças, mofo.

O jeito era depositar mais um mês a pensão à irmã. O cunhado não queria nada com nada, um enrolador. Tanto conhecimento, duas faculdades, curso de extensão. Mas trabalho que era bom, nada!


- Amanhã tenho uma entrevista. Contabilidade pública aplicada ao privado. Dou um jeito, vai ver.
Bonifácio fez o cheque meio a contragosto, como nos meses passados. Os sobrinhos teriam o que comer. A meia furada no dedão o incomodava uma barbaridade. Isaura não dava jeito naquilo, nem naquele gato manco. Ele mesmo trataria de eliminar o rato, a coisa se prolongara por tempo demais.


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