terça-feira, 13 de novembro de 2012

Uma Dor Nas Costas

Uma dor nas costas

Eu não vinha me aguentando em pé. Não porque tivesse bebido, nem porque tenha trabalhado demais, nem por coisas do coração. Nada disso. Tratava-se apenas de uma dor nas costas, - dizem que é lombar, que me deixava e deixa desequilibrado, meio torto, desanimado. Ainda tenho uma dificuldade forte de sair da cama e encarar os primeiros passos.

Nessas horas e noutras muitas também, para passar meu desconforto com as coisas do mundo, lembro de uma senhora que encontrei no estacionamento do supermercado. Fazia um calor de quarenta graus, o asfalto de piche colaborava, e deparei-me com aquela velhinha que vinha pela casa dos noventa anos, caminhando com apoio da bengala, numa lentidão confiante, como se tivesse um objetivo a alcançar, um pódio. Eu, que vinha com minha dorzinha zélecozéco, apequenei-me num comparativo vexatório. Não me contive, e educadamente perguntei:

- Boa tarde! De onde vens, para onde vais, vovozinha?

- Olá, meu netinho. Faço sempre minha caminhadinha como forma de tapear o futuro certo, o que dali vem adiante, firme no propósito já traçado no início.

Tenho tido, desde sempre que a memória alcança, essa dor nas costa, na lombar, dizem!, mas desde então ela não me vence porque lembro daquela senhora que a passos de formiga faceira ia trilhando e enganando sorrateiramente algum encontro inapelável. Agarra-se à vida é um grande negócio porque é tão bom viver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ela Saiu

Ela saiu do apartamento numa terça-feira à tarde. Pensei,  já vai aproveitar a quarta e dar um rolé com as amiguinhas. Me deixou como se dei...